23 de mai. de 2010

Historias infantis para complemento de lições biblícas

                                   “POSSO FAZER QUALQUER COISA”

Ao iniciarem Tomaz e Jorge seus estudos universitários, fizeram-no com o objetivo de alcançar não só um título, mas também o preparo necessário para se destacarem na vida como profissionais. Os anos passados nas aulas da Faculdade de Direito foram de árduo estudo, e às vezes se lhes afiguraram intermináveis, mas chegaram ao fim como todas as coisas desta vida.
Ao receber o diploma, verificaram que as condições econômicas, em geral, haviam-se modificado muito desde o momento em que iniciaram sua carreira, aguda crise abalava o mundo, e não lhes foi possível instalar-se como advogados. Que fazer nessas circunstâncias? Ambos eram jovens resolutos, pelo que não se intimidaram. Resolveram procurar emprego, embora não fosse no desempenho de sua profissão.
No porto em que viviam, estava instalado um grande estaleiro. Em suas oficinas e escritórios trabalhavam vários milhares de empregados, pelo que decidiram solicitar trabalho ao gerente dessa poderosa instituição.
Tomaz foi o primeiro a apresentar-se com seu flamante título em baixo do braço.
- Em que pode ocupar-se? Perguntou-lhe cortesmente o diretor da empresa, depois de lançar um olhar ao diploma do solicitante.
- Como o senhor compreenderá, não posso submeter-me a ser simples empregado. De acordo com meus conhecimentos, solicito um cargo de certa responsabilidade, com remuneração equivalente.

- Muito bem, jovem. Deixe-me seu endereço e, quando se apresentar à oportunidade em que haja uma vaga para um cargo de “responsabilidade”, pensaremos no senhor, respondeu-lhe o gerente, com certa ironia.
Claro está que essa oportunidade nunca chegou.
Jorge apresentou-se algumas horas, no mesmo escritório. Não levava consigo o título de advogado. Tinha apenas a determinação de começar a trabalhar de qualquer maneira honesta e de fazer-se conhecer em seu trabalho.
- Que é capaz de fazer, jovem? Interrogou-o gerente que se advertira da capacidade intelectual de Jorge, por suas palavras de introdução.
- Posso fazer qualquer coisa, senhor. Para começar, satisfar-me-ia qualquer ocupação.
O diretor tocou uma campainha.
- Tem alguma vaga para este jovem? Perguntou, segundos depois, ao chefe de uma seção do estaleiro, que se apresentou ao seu chamado.
- Sim, precisamente, necessitamos de alguém que se encarregue da limpeza do departamento das máquinas.
E o formado da universidade começou essa humilde tarefa no dia seguinte.
Depois de três meses, o gerente chamou o chefe da seção em que Jorge trabalhava.
- Como vai Jorge? Perguntou-lhe.
- Muito bem. Demonstra tal dedicação ao trabalho, que o departamento de máquinas está sempre reluzindo. Parece incrível que um advogado tenha tão boa vontade para trabalho tão humilde.
O Sr. Silveira, tal era o nome do diretor do estabelecimento, sorriu enigmaticamente e limitou-se a dizer:
- Está bem, pode retirar-se.
Outros três meses se passaram e, depois de ter pedido algumas informações quanto à conduta do jovem advogado, mandou-o chamar ao escritório.
- Nesta empresa, principiou, temos por norma experimentar por seis meses os novos empregados. Durante esse tempo, pagamos-lhes o ordenado fixo de Cr$ 300,00 mensais, importância essa que o senhor tem recebido até agora. Mas isso não é o mais importante, prosseguiu. O que nos interessa principalmente, nesse período, é a conduta, a fidelidade e dedicação ao trabalho do que se acha à prova. Ora, como a esse comportamento se unem ainda suas aptidões intelectuais, seus conhecimentos gerais e preparo universitário... Uma tossezinha interrompeu as palavras do gerente. Mudando de assunto, dir-lhe-ei que meu secretário particular foi ocupar um posto de maior responsabilidade no estrangeiro e preciso de alguém que tome esse importante lugar. Que o senhor, Dr. Jorge – e o diretor fez ressaltar o título – considerar a possibilidade de ser seu sucessor? De minha parte estou convencido de que o senhor é a pessoa mais indicada. Informo-lhe ainda que os vencimentos são de Cr$ 3.500,00 mensais.
O doutor, que momentos antes estivera a trabalhar de escova na mão, não respondeu imediatamente. Oprimia-o profunda emoção. Por fim, com uma voz que ele mesmo estranhou, respondeu:
- Agradecido, Sr. Silveira, que outra coisa poderia desejar?
Ao cabo de cinco anos, era Jorge o braço direito da empresa. E, ao passo que ocupava um cargo de muito maior responsabilidade que o de secretário particular do gerente e que seu ordenado se escrevia com várias cifras... Seu companheiro Tomaz escondera o título no fundo de um velho baú, onde guardava muitos “trastes” inúteis e, premido pela crise, lavava automóveis numa garage.
Vale a pena dizer: “Posso fazer qualquer coisa...”. E fazê-la.

                         VALE A PENA OBEDECER

“Vamos sair agora”, disse a mãe. “Sejam bonzinhos, busquem a lenha e arranjem tudo, até que voltemos”.
“Sim, mamãe”, prometeu Paulo e José.
“Se tudo estiver pronto quando chegarmos de volta, teremos uma agradável surpresa para vocês”, disse a mãe.
“Mais ainda”, adicionou o pai, “não saiam ao lago enquanto estivermos fora”.
José e Paulo prometeram não ir ao lago. Houve as despedidas e o casal Carson partiu em sua viagem de algumas léguas, à cidade.
“Bem”, disse Paulo, “é melhor que apanhemos a lenha agora mesmo, para não ficarmos preocupados com isto. Assim também estaremos certos de receber o que a mamãe nos prometeu, se nossa tarefa for feita”.
“Está fazendo muito calor agora”, replicou José. “Vou esperar até à tardinha, para fazer minha parte”.
Enquanto ainda conversavam sobre o trabalho a ser feito, surgiu à porta da residência um de seus amiguinhos. De fato, era um de seus mais íntimos amigos.
“Oh!” Exclamou José, chegou o David! Para onde irá ele?
“Alô, David, para onde vai você? Perguntaram os dois irmãos, quase ao mesmo tempo”.
“Vou nadar um pouco no lago. Vamos juntos?”.
“Não podemos, David, porque o papai e a mamãe foram à cidade e nos disseram que não fôssemos ao lago”.
“Eles não irão saber disso. Estaremos de volta muito antes que regressem”.
“Mas”, disse Paulo, “nós prometemos que não iríamos ao lago”.
“Vamos, vamos”, insistiu David, “está fazendo calor e será bom um banho agora”.
José e Paulo bem sabiam que não deviam ir. Mas estava um tempo muito quente e eles, pensando no banho, ficaram quase a ceder à tentação. Tinham certeza de que chegariam em casa antes do regresso dos pais.
“Espere um momento”, disse Paulo, “e iremos também”.
Entraram apressadamente, apanharam os calções de banho e correram com o David, em demanda do lago.
O lago ficava a uma distância de cerca de meia légua, de maneira que, ao chegarem lá, estavam bemmolhados de suor.
“Estou alegre por havermos decidido vir”, disse José, “pois depois do banho ficaremos mais dispostos para o trabalho a ser feito”.
A água estava tão agradável, que eles logo se esqueceram de seus deveres. José avistou uns botes à distância e sugeriu a idéia de nadarem até lá.
Paulo objetou, chamando a atenção do irmão para a profundidade das águas naquele lugar.
“Mas descansaremos nos botes”, respondeu José, conseguindo convencer os companheiros. Todos começaram a nadar com destino ao local das embarcações.
Num dado momento, cansado de brincar nos barcos, José salta nágua, sem atender aos conselhos dos outros. Sabiam que ele não nadava bem e logo ficaram assustados quando o viram desaparecer no lago. Subiu, mais uma vez, para afundar em seguida e, na terceira vez, não voltou mais à tona!
“José! José!...” clamaram os dois que ficaram nos barcos, mas tão perplexos que não sabiam o que fazer.
David, que era bom nadador, mergulhou para ver se encontrava o companheiro, não achando nada, infelizmente.
Enquanto isso, Paulo já havia saído em busca de socorro. A casa mais próxima se encontrava a mais de um quilômetro de distância. Ao chegar o primeiro homem, David já estava exausto de mergulhar, sem resultado algum. Depois de muito trabalho, o mergulhador encontrou o corpo de José e o conduziu à margem do lago.
Apareceu, no momento, outro morador daquela vizinhança, enfermeiro da Cruz Vermelha e começou logo a fazer respiração artificial, para tentar salvar o menino, mas todos os esforços foram em vão. Estava morto!
David e Paulo oraram, para que Deus os ajudasse. O enfermeiro tentou mais uma vez, fazendo respiração artificial, mas não foi possível obter resultado.
“Vão avisar aos pais do José”, disse o enfermeiro, “pois já está quase anoitecendo”.
Os dois meninos partiram apressadamente para casa. À distância perceberam que havia fumaça da chaminé do fogão, sinal de que os pais já haviam voltado.
Ao chegar Paulo em casa, os pais fizeram logo várias perguntas, pois estranhavam a ausência de José, mas ele não podia responder, até que, com a voz embargada, pôde pronunciar: “no lago...”.
Num instante o casal, havendo buscado o automóvel, partiu em direção do local. Paulo queria contar a história, mas não podia, pois o choro não permitia que falasse.
Chegaram, afinal, à margem do lago. Lá estava o corpo do José. Foi uma cena tocante, quando a mãe abraçou e beijou o filho, inerte e frio, em conseqüência da desobediência.
O pai, o Sr. Carson providenciou o enterro.
Acalmados os ânimos, Paulo se dirigiu à mãe e disse-lhe:
“Mamãe, estou pronto para sofrer meu castigo. Eu fui o maior culpado. Eu o induzi a ir ao lago”.
“Meu filho”, respondeu-lhe muito comovida a mãe, “você já sofreu seu castigo. Quero que jamais se esqueça da dura lição que lhe foi dada: Vale a pena obedecer aos pais e a Deus”.

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